- Viste bem como é que as tuas amigas iam vestidas?

- Vi, por isso é que depois passaram a noite descalças e eu não.

Fogo. Uma pessoa é presa por ter cão ou por não ter. Sexta, fui sair com umas amigas minhas. Mal chego à paragem, elas estão todas produzidas, maquilhagem na cara, tranca de fora, saltos altos nos pés, unhas arranjadas e tops ou vestidos mini mini mini minúsculos. Eu olho-me de alto a baixo e vejo ténis, jeans e uma blusa - o comum do dia-a-dia. Ainda que me digam 'ai Joana estás bem assim deixa-te de disparates', é óbvio que eu fiquei logo com um complexo de inferioridade (só mesmo em relação ao aspecto porque quanto à altura, nem com saltos elas ficam mais altas que eu - inchem!). No entanto, foi mesmo só uma coisa do momento. Depois passei a noite toda a dançar ao som de músicas da idade da pedra (e dos morangos - MEDO), e diverti-me a gozar com o típico caladinho que vai connosco para Lx pela primeira vez e solta a franga (como diriam os paspalhos do Achas Que Sabes Dançar?), deixando transparecer uma veia de perturbação tão forte, mas tão forte, capaz de transtornar os presentes.

Ao chegar a casa, e já depois de curado o trauma, ainda oiço o meu pai a dizer que não sabe como é que me deixaram entrar na Kapital assim vestida. É lixado! Lá porque no tempo dele, tinham de envergar um smoking, gravatinha, mocassins, camisinha ou o caneco, não quer dizer que agora seja assim. Pai, compra-me uns high heels que eu passo a enfrentar a calçada portuguesa todas as semanas.